Post by flauberto plastic artist from on Feb 5, 2005 23:24:33 GMT -5
Exposição “Desenhos” de Flauberto a mostra na Archidy Picado
17/Jan/2005
Flauberto, artista paraibano radicado na Alemanha, volta a expor na Paraíba após seis anos. O público pôde conferir a individual Desenhos composta por 150 obras
A Galeria de Arte Archidy Picado inaugurou no dia 16 de dezembro às 20h, exposição retrospectiva com o artista plástico paraibano Flauberto, radicado em Berlim (Alemanha) desde 1998. Na exposição o artista mostrou cerca de 150 desenhos, abrangendo trabalhos produzidos entre 1994 e 2004. A exposição ficou em cartaz até o dia 16 janeiro de 2005. O público pôde conferir o trabalho do artista que há seis anos estava fora do País de segunda a sexta-feira das 8h às 18h e aos sábados e domingos, das 14h às 19h.
Em 1999 Flauberto participou da sua primeira exposição coletiva na Alemanha, no Museu Haus Am Check Point Charlie Berlim com artistas como Joseph Beauys, Picasso, Roy Lichenstain, Giacometti, entre outros nomes da arte mundial. Um ano depois Flauberto realizou a sua primeira individual, na galeria Gert Papke, na cidade Banberg apresentando uma retrospectiva de pinturas – Diamantés Surround no ICBRA – Instituto Cultural Brasil Alemanha, em Berlim. Em 2001 realizou exposição individual de pinturas na Akademie Der Kunst Berlin. No ano seguinte participou da exposição de arte contemporânea paraibana ‘Where Does The Sun Come First?’ na embaixada brasileira, em Berlim. Neste mesmo ano foi convidado para representar o Brasil no Projeto United Buddy Bear Berlim. Em 2003 volta a representar o Brasil no projeto United Buddy bear em Berlim, Pequin, Xangai e Áustria e na Bienal do Desenho na cidade de Novosibirsk na Rússia. Também em 2003 recebeu do Dahlem Museum Berlim o prêmio Talento das artes plásticas brasileira, na Alemanha, e realizou exposição individual de pinturas na Wolkswage Berlim. Em 2004 realizou duas individuais na embaixada brasileira em Berlim.
A trajetória do artista no Brasil tem começo em 1996 quando realiza a sua primeira exposição individual com pinturas no Núcleo de Arte Contemporânea da UFPB - NAC e participa da exposição coletiva Arte da Paraíba no Museu de Arte Assis Chateaubriand, em Campina Grande-PB. Em 1997 Flauberto recebe prêmio de Menção Honrosa no Samap-João Pessoa e realiza a primeira individual de desenhos na Aliança Francesa -João Pessoa. Em 1998 recebe prêmio do Salão do SESC-PB e participa dos workshops Coisas (FUNESC) e Pedras de Fogo(Centro de Artes Visuais Tambiá), em João Pessoa.
Os primeiros registros da expressão plástica de Flauberto surgem já na sua infância em Juazeirinho, uma cidade pequena e empobrecida, cortada ao meio pela BR-230, encravada na escaldante e desolada região do Cariri paraibano. A sua inquietude não poupava as paredes das casas, os muros do grupo escolar, as imensas portas dos armazéns de estivas, as carteiras e as paredes do colégio. É essa memória remota que vai se constituir na carga emocional de seu trabalho hoje, quando o mundo e a vida estão ao seu alcance, nessa estrada que corta a sua história ao meio. Mais do que consciência, o objeto da sua arte tem a obsessão dos limites. Reivindica a sua própria condição no mundo. reclama a condição coletiva. Seus trabalhos gritam urgência, trepidam como o seu próprio tempo.
Flauberto conscientemente sente-se e percebe-se como um ser de índole aleatória que sempre buscou, compulsivamente, um mundo desde que nasceu até hoje. Nunca encontrou-se de fato no mundo formatado para a vida material dos homens sempre ameaçada pela liberdade bulbônica dos ratos, onde um pode matar o outro, onde tudo é igual a nada. Muito cedo percebeu ser mais um descamisado do mundo capitalista e que a sua permanência terrestre seria uma grande incógnita, seria um grande calvário. Levado a compreender quem é, onde está e para onde vai, ele arranca expressões artísticas espontâneas e súbitas de dentro do seu corpo de forma rudimentar ilustrando o espaço da arte com inquietações, auto-conhecimento, experiências do cotidiano, história de vida. Sempre teve características e atitudes socializadoras, porque sempre se percebeu cigano, nômande, anjo barroco, bandido, pai de santo, cartomante, vidente, burlando o sistema e suas regras.
Na sua vida e na sua arte a ocasião faz a ação, por isso não acredita em nenhum tipo de definição que confine a arte em uma época ou em algum “ismo”. Vive uma metamorfose constante e não planeja a sua vida nem a sua arte. Tenciona cumprir o enigma que lhe foi proposto e exercer o papel social do cidadão-artista. Flauberto é um materialista convicto, para ele luxo e miséria estão no mesmo plano, material e espiritual. Uma existência atormentada por imagens grandiosas de dilúvios e terremotos projetam-se, na sua obra, como um filme que assiste todos os dias.
Constantemente com o pensamento no espaço, afirma ser esse o estado inicial, o ponto de partida para a sua criação, justifica por ser um espaço infinito, negro, sem um destino certo, a situação mais palpável e mais realizável, onde consegue encontrar um sentido na sua condição humana e para as suas manifestações artísticas.
A sua condição no mundo revela um artista autodidata sem precedentes históricos ou estéticos. Quando começou a pintar não tinha nenhuma base, exceto, a sua própria visão do mundo. Não acredita em didática, a expressão é uma dádiva. Sua arte é extremamente personalizada, bruta, nos remete ao princípio da arte quando os primeiros humanos expressavam-se espontaneamente. Flauberto desenvolve um trabalho e uma trajetória onde vida e arte fundem-se, baseado no princípio inconsciente da arte e na consciência extremada do homem civilizado. Vem avançando e ocupando territórios com a sua produção, seja como um cidadão ou como um clandestino. Assim ele constrói a sua trajetória que mais lembra a de um eterno imigrante errando pelas estradas e cidades do planeta. Suas multicoloridas pinturas são páginas avulsas povoadas por uma simbologia que ilustra esse enredo lúcido e delirante vivido conscientemente pelo artista.
Fonte: Texto/colaboração - Fábio Queiroz
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